quinta-feira, 20 de maio de 2010

Contando para os pais

Bom meus amigos, primeiramente queria lhes pedir desculpas pela minha ausência aqui no blog, ando esses dias com muitas coisas na cabeça e raramente me sobra tempo.
Hoje resolvi postar sobre um tema do qual muitas pessoas tem dúvidas: "Qual a hora certa para contar para nossos pais?". Vou usar três experiências usando codinomes paa não expor ninguém...
Primeiramente, temos que lembrar que cada pessoa é uma pessoa e não há comparação do modo que minha mãe vê as coisas com a que sua mãe vê as coisas, ou mãe de fulano e mãe de cicrano.
Essa semana, segunda-feira dia 17 de maio de 2010 eu resolvi contar para minha mãe a minha opção sexual, uma vez que precisava desabafar com alguém, mas para vocês entenderem melhor, vou começar com minha história:  Meus pais são separados, o divórcio deles aconteceu quando eu  tinha apenas 11 meses de idade. Meu pai tinha 24 anos e minha mãe 17, no acordo em que fizeram meu pai ficou com minha guarda. Minha mãe sempre ia me  visitar até os meus 7 anos, quando eu pedi para ela não ir mais, porque eu não amava-a (claro que eu não sabia o que estava dizendo, eu tinha apenas 7 anos). Ela reapareceu apenas quando eu já tinha 13 anos e desde então, tenta uma reaproximação. Recentemente ela divorciou novamente e por eu ser seu filho mais velho, eu sempre aconselho-a, criando assim um laço de amizade muito grande entre nós.
Voltando a minha segunda-feira: eu havia dito ao meu noivo que queria contar a minha mãe a minha opção sexual, pois agora sentia-me muito mais próximo dela, e como vamos casar eu queria ter uma aliada para ajudar-nos com coisas que simplesmente não sabemos. Ele tentou me convencer a marcar um encontro com ela e não contar-lhe por telefone, mas eu sei que não teria coragem de fazer assim, teria de ser do meu jeito.
Minha mãe, teve uma reação MUITO positiva, eu realmente não esperava isso dela, não tão rápido. Ela me disse que sempre irá me apoiar, que me ama e que não vai deixar de ser minha mãe por isso, ela falou que talvez eu vá sofrer muitos preconceitos nas ruas, mas que por parte dela ela sempre vai estar ao meu lado, nunca deixando de ser a minha mãe, minha amiga, minha aliada.
Minha mãe é cabelereira, ela convive com homossexuais, tem 37 anos e é uma mulher com cabeça jovem e aberta, um tipo de mãe do tipo A, o tipo que está pronta para te aceitar, te apoiar e ficar ao seu lado, se a sua for assim, não espere: Conte!
Agora vamos ao meu pai: Eu nunca contaria para ele, ele é crente fanático! Ele já teve muitos amigos homossexuais, mas como hoje ele é aspirante a pastor de uma igreja evangélica, ele preferiria  me ver morto do que me ver Homossexual, se  seu pai for deste tipo, não conte! Ele não precisa saber, não faça-o sofrer e nem sofra contando, isso não levará você a lugar algum.
Mãe que chamaremos do tipo B: a mãe do meu noivo (no blog o chamarei de "Frajola"), já é uma mulher na  faixa dos 40 anos, também cabelereira, mas de uma época muito diferente da nossa.
Ela sempre disse à Frajola que preferia um filho morto do que um filho gay, mas por descuido de nossa parte, ela  acabou descobrindo o nosso namoro. No começo foi bem difícil, muitos dias ele me encontrava arrasado pelas coisas que ouvia dela, pelo preconceito e pela visão torturante que ela tinha disso.
Passado algum tempo, enfim a mãe dele aceitou-o, em uma cena muito emocionante, Ela entrou no quarto dele, abraçou-o e disse: "Filho, eu te amo e estarei do seu lado para sempre, independente de qualquer coisa, sempre vou amá-lo!". Essa é aquela mãe estourada, que no fundo o maior medo dela é por você, o medo do que você está fazendo com sua  vida. Sua mãe é desse tipo? Sinceramente, acho que é bom você pensar duas vezes antes de contar, não é fácil! As primeiras semanas são torturantes, terríveis. Porém apesar de tudo ela acaba não aceitando, mas sim TOLERANDO (acho que essa seria a palavra exata).
Existem também mães do tipo C, aquelas que realmente não são tolerantes ou cabeças abertas, as que você tem que ter uma segurança muito grande antes de fazer qualquer loucura, como por exemplo sair contando para ela.
Acreditam que muitos de vocês não saibam, mas o nosso amigo TOM vem de uma familia com linhagem militar, e ele como um filho homem deveria ser um também. Mas uma coisa que as pessoas não respeitam é a nossa decisão, a nossa vntade, e sim temos muitas. Por ironia do destino os pais dele descobriram que ele é gay, e nessas familias, isso éum crime que merece pena de morte.
Ele não está passando por um momento legal na vida, está pensando em sair de casa, ouve coisas muitos deságradaveis.
Se os seus pais são assim, ou pelo menos parecidos, aconselho você meu caro leitor a não contar-lhes. Sai de casa, contrói a sua vida, e depois conta. Não sofra desnecessáriamente, isso realmente é algo que temos muita vontade, GRITAR QUE AMAMOS OUTRO HOMEM, OU OUTRA MULHER, mas essa vontade tem de esperar, porque senão perdemos nossas forças e não poderemos gritar coisa alguma. Repito: Pense muito a respeito, antes de contar.
Há também o ultimo tipo, o tipo D. Aqueles que fingem que aceitam, mas não aceitam nada. Você conta, é uma bomba, mas depois fica tudo bem (ou quase tudo bem).
Tenho uma amiga, que ao contar para os pais, primeiro foi uma bomba, e as frases mais comum de sempre, depois a poeira abaixou e eles fingiram que não sabiam de nada, que tudo estava normal. Toda vez que ela sai, eles querem saber com quem e pra onde, querem bani-lá de algumas amizades, querem dizer com quem andar, querem mandar ela para fora do país, querem mandá-la ao pscicólogo, ou seja, de qualquer modo querem que ela vire uma "pessoa normal" de acordo com o que acreditam.
Se os seus pais são desse tipo, não tenho o que dizer, para você contar tem que ter muito pulso firme, senão vai acabar vivendo outra vida, não a sua... Virará um fantoche.

...

Tudo tem que ser analisado meus amigos, não tome uma atitude por impulso ou ago assim, pense bem porque contar para os seus pais, mudará completamente a sua vida!

Frases que você pode ouvir ANTES de aceitarem:

"Preferia um filho morto do que um filho Homossexual!*";
"Preferia um filho marginal do que um filho Homossexual*!";
"Preferia um filho drogado do que um filho Homossexual*!"
"Preferia morrer do que ter um filho Homossexual*!"
"Isso é coisa do capeta!"
"Para mim você morreu!"
"Você está fazendo isso porquê você quer me matar!"
"Isso é proposital!"
"Isso é só uma fase, vai passar você vai ver!"

*eles utilizarão: gay, viado, bichinha, boiola, baitola, entre outros. Não acho que tenha haver com o propósito do blog usar tais termos.

Frases que você pode ouvir DEPOIS de eles aceitarem:

"Eu te amo, e sempre estarei com você!"
"Eu estou ao seu lado para tudo!"
"Não vou te abandonar por você ser diferente!"
"Pode contar comigo, sempre estarei aqui!"
"Você vai enfrentar muitos desafios, pode contar comigo!"



Galera, meu post vai ficando por aqui,
Obrigado por estarem conosco, uma boa noite.
De seu amigo de sempre, Jerry.